Debate abordou processos de patologização, medicalização e criminalização na saúde mental
Como parte da programação da Semana da Luta Antimanicomial 2016, o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP DF) promoveu nessa segunda-feira (23) o debate "Não à Patologização, Medicalização, Criminalização na Saúde Mental - Pela Autonomia do Sujeito".
Na oportunidade, o coordenador de Relações Institucionais da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, Gabriel Elias, abordou o processo de criminalização dos usuários de entorpecentes no Brasil, trazendo dados sobre o crescimento da população carcerária e provocando os presentes a pensar sobre os resultados da política de drogas em implementação no País. "Penso que seja importante avaliar em que medida a criminalização dos usuários de drogas no Brasil pode estar afastando essas pessoas da possibilidade de tratamento da dependência química", indagou.
A psicóloga e conselheira regional de São Paulo, Elisa Zaneratto, destacou o papel da militância do DF na ocupação do Ministério da Saúde após a nomeação de Valencius Wurch Duarte Filho para a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, do Governo Federal, medida questionada por segmentos sociais diante da trajetória do médico em instituições manicomiais.
Professora do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP, Zaneratto expôs preocupação com o financiamento de instituições privadas a partir de recursos públicos e ressaltou a complexidade das pautas levantadas pelo movimento antimanicomial. "A luta antimanicomial não é somente uma reivindicação restrita à política de saúde, mas aponta para uma articulação necessariamente intersetorial", pontuou, observando a relevância da atenção às diversas redes e serviços voltados à reconstituição do laço social dos sujeitos.
Sua fala foi acompanhada pela conselheira regional do DF e professora da Universidade de Brasília, Tatiana Lionço, que ressaltou o esforço do movimento antimanicomial pela garantia de direitos. "Discutir autonomia do sujeito é discutir a retomada das relações. É isso que permite a nossa existência social como entendemos hoje", observou.
O debate foi mediado pela conselheira regional do DF, Luiza Pereira, e contou ainda com a presença do conselheiro regional Edmar Carrusca e das conselheiras Ingrid Quintão, Márcia Maria da Silva e Cynthia Ciarallo.
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