Tema polêmico é pauta de discussão entre profissionais de Psicologia que atuam como coaches e atraiu outros profissionais que atuam com essa prática, o que enriqueceu os diálogos na noite da última sexta-feira (28/07) no Auditório do CRP 01/DF
Com o objetivo de aprofundar os debates acerca das atividades de coach, a Comissão Especial de Psicoterapias e Clínica, coordenada pela conselheira Andreza Sorrentino, e a Comissão Especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho, sob coordenação do conselheiro Vitor Barros, propuseram o encontro “Precisamos falar sobre Coaching!”, entre profissionais e estudantes ligados ao coaching, sejam elas(es) psicólogas(os) ou não. Além das exposições das convidadas, os profissionais presentes no Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) tiveram oportunidade de fazer perguntas, debater amplamente o assunto e ainda discutir encaminhamentos a serem levados a um GT sobre o tema, em andamento no Conselho Federal de Psicologia (CFP). Parte dos debates foi transmitida ao vivo pela internet, na Fanpage do CRP 01/DF.
Uma das questões esclarecidas pelas palestrantes convidadas foi a dúvida frequente sobre a atividade de coach ser desenvolvida por profissionais de Psicologia ou não. Essa é uma ferramenta utilizada por profissionais com a formação específica. A coach Wang Ching, membra da Federação Internacional de Coach, a representante da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Iara Marques, e as psicólogas coaches Esther Araújo e Rafaella Andrade, ajudaram os presentes a entender o papel de cada um desses profissionais no mercado de trabalho. "Há espaço para todos os profissionais no mercado, porém é preciso respeitar as fronteiras de atuação", como apresentou na sua fala de acolhimento a presidente do CRP 01/DF, Vanuza Sales, na abertura do evento. Participaram também do encontro as conselheiras Rosimeire Honorata e Cristina Rosas.
Segundo o conselheiro Vitor Barros, que conduziu os trabalhos, abordar esse tema com os profissionais envolvidos é importante para fomentar reflexões e discussões, de forma que os processos de coaching não ocorram de uma maneira muito solta e sem rigor técnico. “A proposta deste encontro é fazer justamente com que a gente comece a debater de uma maneira mais aberta, conciliadora e construtiva”, enfatiza. O psicólogo declarou ainda que uma noite só não foi suficiente para esgotar o tema, e que pretende debatê-lo em oportunidades futuras.
Vanuza Sales, conselheira presidente do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal
"Este debate surgiu no ano passado e desde então temos, inclusive, cobranças dos profissionais, o que motivou a nossa gestão (há 9 meses a frente do CRP 01/DF), por meio das Comissões Especiais, a fazer essa proposta em forma de evento. Temos o compromisso e enorme prazer em debater as demandas reais que o psicólogo vivencia na sua prática cotidiana."
Vitor Barros Rego, conselheiro do CRP 01/DF, coordenador da Comissão Especial de Psicologia Organizacional e do Trabalho
"Existe um GT Nacional no Conselho Federal de Psicologia que está debatendo sobre coaching, sobre as práticas das(os) psicólogas(os) e das(os) não psicólogas(os) que também se aproximam da Psicologia. Assim, estamos nos propondo aqui, a partir de debates na 1ª Região, a trazer contribuições a serem levadas para o GT Nacional. A ideia também é que a gente possa pressionar o Conselho Federal para uma posição mais clara."
Wang Ching, coach e membra da International Coach Federation:
"Como a profissão de coach não é regulamentada no Brasil, achei extremamente importante essa provocação do CRP 01/DF em debater o assunto. Algumas pessoas dizem: \?eu não sou fã de coaching, porque sou psicóloga(o)\?. Eu questiono isso. A complexidade humana pede que, enquanto desenvolvimento e crescimento humano, continuemos estudando e adquirindo conhecimento para muito além de somente nossa atividade. Enquanto prática, existe uma fronteira de ter aquela atividade ou profissão regulamentada. Por isso, mesmo a(o) coach que não é psicóloga(o) precisa estudar e entender a Psicologia.
Iara Marques, representante da Associação Brasileira de Recursos Humanos – ABRH:
"Quem é coach, por que não virar psicóloga(o)? E quem é psicóloga(o), por que não virar coach? Acho que a gente tem muito a contribuir uns com o outros, acho que a gente pode criar um vínculo juntos e acho que juntos nós vamos mais longe. Não precisamos de sombreamentos. Tem espaço para todo mundo, tem papel muito bem definido para todo mundo."
Esther Araújo, psicóloga e coach:
"É importante enfatizar que o coaching é um processo que tem início, meio e fim; o objetivo é aumentar o desempenho para alcançar resultados positivos, por meio de ferramentas e técnicas. Tanto quem é psicóloga(o) quanto quem é coach, tem que estudar muito. Estamos lidando com vidas. Da mesma forma que podemos elevar o potencial de uma pessoa, podemos acabar com a vida dela, então é preciso ter muito cuidado. Quando a gente faz o curso de formação de coach, bate-se muito na tecla da ética."
Rafaella Andrade, psicóloga organizacional e coach:
"É necessário que o profissional identifique até onde o processo é um coaching ou uma terapia. A linha é bem tênue e aí está a grande questão. Várias vezes durante o processo de coaching eu identifiquei que a demanda não era somente para o coaching, mas só identifiquei porque tenho outras experiências e estudos em psicoterapia. Minha grande preocupação é: quem não é psicóloga ou psicólogo, como vai fazer esse diagnóstico? Como vai perceber essa linha tênue? Por isso é preciso tanto ir atrás, estudar, conhecer, entender... Já vi pessoas que começaram como coaches e viram a necessidade de fazer Psicologia e também já vi colegas que pararam o processo, pois viram que, sem fossem psicólogas(os), não iriam dar conta – já que sabemos que existem consequências grandes para as pessoas envolvidas."