“Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?” (Marielle Franco).
Foram essas as palavras de Marielle Franco, mulher negra, defensora dos direitos humanos, executada na noite de 14 de março de 2018, na cidade do Rio de Janeiro. Marielle tinha acabado de sair de um evento chamado Jovens Negras Movendo as Estruturas.
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF), por meio da Comissão Especial de Psicologia e Diversidade Étnico-racial (CEPDER), vem a público manifestar profundo pesar e repúdio à execução da vereadora da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista Anderson Pedro Gomes. Marielle Franco representa todas as pessoas que lutam contra as iniquidades sociais, contra as injustiças e violências cotidianas que acometem a população periférica brasileira, especialmente a população negra. A morte de Marielle é a expressão dramática do que há de mais grave no cenário político atual: a autorização para matar, uma verdadeira economia da morte conduzida pelo Estado brasileiro.
Neste cenário triste e sombrio – de implementação do plano de austeridade direcionado à parcela da população que tem nome, sobrenome e endereço –, nós, psicólogas e psicólogos comprometidos com os problemas que assolam a sociedade e que impactam sobremaneira a saúde mental de tantas e tantos, manifestamos solidariedade aos amigos, amigas e familiares de Marielle Franco, Matheus Melo, e tantos outros que tiveram suas vidas interrompidas, mas que permanecerão vivos e fortes em nossos corações e pensamentos, servindo de combustível para os caminhos de luta que continuaremos trilhando. Apesar das dores e lágrimas, da sensação de paralisia e impotência diante da banalização de nossas existências, seguiremos clamando por justiça em voz alta e coro forte.
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal, junto a outras entidades e sindicatos de trabalhadoras(es), exige apuração imediata desse crime e se soma às mobilizações contra o genocídio da população negra para que a morte de Marielle Franco não fique impune.
Comissão Especial de Psicologia e Diversidade Étnico-Racial do CRP 01/DF