Em parceria com o Centro de Convivência Negra da Universidade de Brasília (UnB), o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) realizou, sob a coordenação da Comissão Especial de Psicologia e Diversidade Étnico-Racial (CEPDER), a I Jornada Distrital de Psicologia e Diálogos Indígenas e Quilombolas, tendo como tema “O Bem Viver dos Povos Indígenas e Quilombolas”.
A mesa de abertura, dirigida pela coordenadora da CEPDER, Marizete Gouveia, contou com a representação de diversas instituições. Antes de passar a palavra aos componentes da mesa, a Coordenadora lembrou a proximidade de objetivos da CEPDER e da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadores(as) de Relações Raciais e Subjetividades (ANPSINEP), de “convocar e mobilizar a categoria de psicólogas(os) em torno do tema relações étnico-raciais e racismo”’ e seu papel no Bem Viver da população não dominante.
O Articulador quilombola, Antonio Bispo dos Santos fez um exercício de declamação com os presentes: “As nossas vidas são movidas por nossas trajetórias, mas são guiadas pela nossa ancestralidade”, observou na ocasião. Bispo também esteve à frente da conferência de abertura “A Visão Quilombola da Conquista e Preservação/Manutenção do Bem Viver”, bastante elogiada pelos participantes.
A coordenadora-geral do Centro Nacional de Informação e Referência Negra da Fundação Cultural Palmares, Kátia Cilene Martins, destacou a relevância desta I Jornada: “A Fundação Cultural Palmares tem o prazer de prestigiar esse importante evento que vem promover os diálogos das culturas indígenas e quilombolas”, pontuou.
O Conselheiro Nando Potiguar, do Conselho Indígena do Distrito Federal, declamou um poema aos presentes e o dedicou aos mais de 8 mil indígenas que vivem no DF: “Deixo meu agradecimento à organização do evento em nome dos diferentes povos indígenas que vivem nessas terras.”
Representante da ANPSINEP, Psicóloga Márcia Maria da Silva, compartilhou a experiência de visitas a comunidades quilombolas. “Sempre que perguntada ‘O que a Psicologia tem a ver com isso?’ Respondo que a Psicologia tem tudo a ver com isso: saber o que as pessoas passam, o que sofrem, as dificuldades que enfrentam”, expôs.
Diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Sionei Ricardo Leão de Araújo, salientou a importância da articulação entre as diversas instâncias para a preservação da cultura quilombola: “O quilombo, para ter acesso às políticas públicas, precisa de uma certidão. Até o momento, temos 2.742 registros, das mais de 3.380 comunidades quilombolas identificadas”, comentou.
O Coordenador do Centro de Convivência Negra da UnB, Manoel Barbosa Neres destacou a importância de se olhar os territórios: “As pessoas envolvidas no recorte que fazemos aqui hoje têm algo em comum. Essas pessoas quase sempre estão vinculadas a um território e, esses territórios constituem, ao mesmo tempo, a grande felicidade e a grande tragédia dessas pessoas. Uma das principais armas para fragilizar esses povos é questionar a sua identidade, a sua cultura, o seu jeito de viver. Muitas vezes ouvimos que essas pessoas precisam se integrar à sociedade e não que possam, muitas vezes, ensinar e transmitir valores culturais e identitários, como estamos tentando fazer aqui hoje”, lembrou.
Fechando a mesa, a conselheira do CRP 01/DF e integrante da CEPDER, Vanuza Sales, lembrou o pioneirismo da CEPDER e enfatizou o esforço da atual gestão do Conselho para abrir cada vez mais espaços para a pauta da diversidade dentro da Psicologia: “O diálogo com a universidade e outras instâncias é fundamental neste momento de resistência que vivemos no país. Precisamos formar e orientar nossos profissionais para escutar as dores desses povos e compreender as subjetividades humanas de todos os povos”, observou.
A jornada contou ainda com roda de conversa, oficina e apresentação oral, tendo como protagonistas representantes de povos indígenas e quilombolas, com o apoio de profissionais e estudiosos da diversidade.
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