Esta imagem veicula uma mensagem racista, pautada em um racismo estrutural que diariamente enseja a invisibilização da população negra. Note-se que a população brasileira é em sua maioria negra (55,8%, segundo a PNAD 2018). Também negra é a maioria da população da região Centro-Oeste (62,7%: PNAD 2018) e a maioria da população brasiliense (67,3%, segundo a Codeplan).
Comunicar a mensagem de que o futuro pertence à infância branca presta serviço a que? Ao ideal colonial de embranquecimento? À anuência à exclusão, criminalização e consequente genocídio da juventude negra? Não precisaríamos da infeliz imagem do Correio para observar que a infância negra é, na maior parte dos casos, condenada a não ter futuro no Brasil. A mensagem de que o futuro é das crianças brancas acaba sendo uma verdade no país que alija, prende ou mata as negras antes de se tornarem Marielles.
O CRP01 repudia a matéria do jornal e pensa que a mídia, no Estado Democrático de Direito, deve combater o racismo que estrutura nossa sociedade. Embora o jornal tenha vindo a público se retratar, também esta nota evidencia a naturalização à inferiorização da luta do povo negro. Mais útil seria veicular matéria, com igual destaque, sobre estratégias de luta contra o racismo desenvolvidas por organizações da sociedade civil vinculadas à população negra.
O CRP01 se solidariza aos movimentos da luta antirracista em mais um atentado da mídia corporativa contra a memória e a resistência negras. Da mesma forma, divulga documentos técnicos de orientação para atuação de profissionais: a resolução nº18/2002 (disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2002/12/resolucao2002_18.PDF) e também a referência técnica sobre o tema “Relações Raciais” (disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2002/12/resolucao2002_18.PDF).
Ágatha Félix, presente!