Parceria do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF), Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal, Conselho Regional de Serviço Social do Distrito Federal (CRESS/DF), ONG Inverso, Observatório de Políticas de Saúde Mental no Distrito Federal (OBSAM/UnB) e Utopia Viva promoveu, na última sexta-feira (04), o debate com transmissão on-line "Conferência de Saúde Mental no DF: história e potências".
Mediado pela psicóloga, trabalhadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e especialista em Saúde Mental, Claudia Regina de Carvalho Sousa, o evento on-line teve quase 400 visualizações até esta segunda-feira (07) e contou com as participações de centenas de profissionais, familiares, usuárias e usuários da RAPS não apenas do Distrito Federal, mas de diversas unidades da federação.
Logo na abertura do debate, o médico psiquiatra e psicoterapeuta Augusto César de Farias Costa apresentou um histórico de lutas na área da saúde mental para contextualizar a importância social destes espaços de debates representados pelas conferências.
Gestor no Sistema de Saúde Mental do SUS/DF entre 1995-1998 e 2011-2014, Augusto César foi diretor de unidades de saúde mental públicas no âmbito da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) e destacou, em sua exposição, as questões sociais apresentadas sobretudo a partir da década de 1960, com a contracultura e as contribuições do psiquiatra italiano Franco Basaglia, que fomentaram a formulação da psiquiatria democrática e que, mais tarde, levariam à implementação da Reforma Psiquiátrica na Itália e também no Brasil.
"Esse nascedouro dos anos 1960, que foram anos de rupturas com o status quo, com comportamentos e atitudes sobre as questões das mulheres e de todas as populações que se sentiam, de alguma maneira, contidas e sem alternativas de expressão - e mesmo de vida -, começou a gestar essa pressão que foi colocada dentro desse guarda-chuva, que a gente hoje chama de contracultura e de onde surge a psiquiatria democrática", explicou.
O médico fez uma apanhado dos avanços na área durante as décadas seguintes, com a reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) até a formação das instâncias colegiadas de controle social como a V Conferência Nacional de Saúde Mental, que ocorre este ano.
A psicóloga, conselheira e coordenadora da Comissão Especial de Direitos Humanos, Saúde Mental e Políticas Sociais do CRP 01/DF, Tania Inessa de Resende, compartilhou sua experiência em conferências regionais no Plano Piloto e Taguatinga, desde o processo de organização e mobilização até a eleição de delegados para a conferência distrital: "a partir da imersão nos diálogos e nos grupos, tudo foi ocorrendo de forma muito orgânica. Como diz Pedro Demo, sempre com uma dose de solidariedade e outra dose de confronto, pois é assim que a gente vai avançando e construindo enquanto coletivo", ressaltou a psicanalista, professora universitária e doutora em Psicologia Clínica e Cultura.
O debate se seguiu com as contribuições de Luciana dos Anjos Claudino, usuária da RAPS que participou do processo da V Conferência de Saúde Mental do DF.
Luciana chamou atenção para as diretrizes da RAPS, como a atenção em serviços comunitários, inclusivos e com acolhimento no território; abordou a preocupação com retrocessos na política de saúde mental em todo o País e destacou a relevância da mobilização e da acessibilidade para democratizar o debate: "as conferências são os espaços de debate, onde nós, usuárias/os e familiares, profissionais da saúde mental e militantes de direitos humanos reivindicamos melhorias nos serviços de saúde mental. É onde podemos expressar nossas demandas", defendeu.
Você pode assistir ao debate na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=5UxPQD5KIJY
#DescreviParaVocê: o card com fundo branco e detalhes em vermelho apresenta retranca, título e subtítulo da reportagem, bem como um registro de imagem de participantes do debate durante a transmissão ao vivo.