O auditório do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) foi palco, no último sábado (26), da 1ª Conferência Livre de Saúde Mental da População Negra do DF e Entorno.
A abertura do evento ocorreu logo no início da manhã, com a atividade “Abre-Caminhos: Por que e para quem uma Conferência de Saúde Mental?”, na qual foi feita a exposição sobre o que são esses espaços e como funcionam as etapas até a V Conferência Nacional de Saúde Mental.
A psicóloga e representante do Espaço Orí Psicologia, psicanálise e relações raciais, Bianca Campos, abordou durante a atividade, a importância deste tipo de conferência livre: “A gente já tem uma trajetória de 12 conferências de saúde e cinco de saúde mental, e essa é primeira do DF que trata exclusiva, mas não excludentemente, da nossa população negra”, destacou. “Esse encontro também tem esse caráter estratégico de perceber que a maioria da população do SUS é negra, a maioria da população que sofre violência obstétrica é negra, que a maioria da população que está em situação de rua é negra, que a maioria da população criminalizada pelo uso de substâncias é negra e, a partir disso, a gente reconhecer que, se a gente trabalha pela negritude e coloca a negritude no centro, a gente está construindo um SUS universal, um SUS democrático, um SUS que possa, de fato, dar conta das demandas de sua população", argumentou.
Após a exposição inicial, foram realizadas diversas rodas simultâneas, para provocar e debater questões como o lugar de crianças e infâncias negras nas políticas de saúde mental, assim como as juventudes negras, pessoas negras LGBTQIA+, povos de terreiro, trabalhadoras negras do SUS, a o fator álcool e outras drogas, pobreza, miséria e saúde mental, as questões das pessoas com deficiência e pessoas em situação de rua.
“A 1ª Conferência Livre de Saúde Mental da População Negra do DF e Entorno foi uma grande vivência de construções democráticas, na qual pudemos sentir verdadeiramente o poder de um aquilombamento”, avalia a conselheira e coordenadora da Comissão Especial de Psicologia, Raça e Povos Tradicionais do CRP 01/DF, Carolina Saraiva. “Juntas vamos mais longe!”, acrescenta.
“Foi um evento histórico”, comemora o psicólogo e também membro da Comissão, Luciano de Sá Barbosa. “Esse espaço possibilitou o encontro de profissionais da saúde, servidores, membros da sociedade civil e, principalmente, a juventude em torno das pautas essenciais vinculadas às políticas públicas para a saúde mental”, observa.
A conferência contou ainda com oficinas culturais e apresentações musicais, seguindo com grupos de trabalho e apreciação das propostas elaboradas por eles em plenária.