Neste 20 de novembro de 2022, o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF), por meio da Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais, reafirma seu compromisso com a pauta antirracista e o combate a todo tipo de discriminação.
O racismo estruturou a origem do Brasil, desde as senzalas da Colônia, passando pelo encarceramento em massa e até hoje, permanentemente. Nessa semana, um jovem negro foi agredido na porta de uma distribuidora de bebidas, em Planaltina, no Distrito Federal. Se não houvesse filmagens e a testemunha não contasse, não acreditaríamos na gravidade da violência e do desrespeito em uma abordagem policial. As agressões foram registradas pelas câmeras de segurança, obtidas por jornal local, que mostrou a chegada de três policiais militares. Eles se dirigem sem hesitar ao corpo negro, que foi puxado, chutado e recebeu socos dos militares.
Essas ocorrências são constantes em todo o território nacional: presídios, manicômios, favelas, comunidades terapêuticas, unidades de internação socioeducativas, nos becos, nas ruas brasileiras. Por mais corriqueiras, são situações que assombram. Confirmam a produção teórica sobre relações raciais no Brasil. Demonstram a impunidade da eliminação de corpos negros nos diferentes espaços sociais brasileiros. São agressões que, muitas vezes, terminam em mortes, e que ferem profundamente a acenstralidade e hereditariedade negras e dos povos acometidos pele racismo e xenofobia.
Considerando a necessidade de intervir nesse cenário complexo em que todas as políticas de combate à prática do racismo vieram desmoronando, ratificamos a necessidade de sensibilizar profissionais das áreas públicas e privadas, assim como toda a sociedade, para refletir sobre a divisão racial que hierarquiza brancos e não-brancos em nosso País.
As pessoas negras não podem ser vistas eternamente como sujeitos de segunda classe. Essa naturalização de papéis do branco como superior e do negro como inferior tem exigido permanente organização e combate da população negra. O sangue, o suor e as lágrimas perdidas nas agressões poderiam ser investidos em trabalho pelo desenvolvimento do País.
Para finalizar, registramos que as mulheres negras não são mais fortes, tampouco os homens negros são mais resistentes que a maioria da população. Não somos heróis e heroínas. No último período, a saúde mental da população negra vem demandando cuidados e atenção. Chegamos a ouvir de presidente da Nação que as minorias deveriam se adequar à maioria. A população negra não é minoria. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 56,1% da população.
É urgente que seja concretizada a abolição, que pessoas negras possam gozar de direitos universais, que possam ocupar espaços decisórios; que possam circular livremente pelas cidades, campos, florestas: que possam viver e não apenas sobreviver.
O CRP 01/DF celebra o Novembro Negro e todas as psicólogas negras e negros do Distrito Federal.
#DescreviParaVocê: miniatura de vídeo legendado que traz reflexões de profissionais de Psicologia sobre o enfrentamento ao racismo no Brasil.