Nesta data em que se celebra o Dia das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Rurais, o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) reforça o posicionamento ético-profissional em defesa do cuidado com a saúde mental no campo.
A Psicologia brasileira tem construído, ao longo dos anos, importantes referências de atuação junto à população rural com enfoque comunitário, ações no contexto da reforma agrária, intervenções com trabalhadores rurais assentados, quilombolas, povos indígenas e ribeirinhos, revelando o potencial transformador da escuta qualificada e do compromisso com os direitos humanos.
Trabalhar com e para a população do campo é também reconhecer a pluralidade de saberes, a importância do pertencimento ao território e os impactos subjetivos de questões como o acesso à terra, as mudanças climáticas e as desigualdades históricas que estruturam a sociedade brasileira.
Ademilson Teodoro, técnico agrícola natural de Cunha (SP), é trabalhador rural e produtor orgânico na cidade de São Gabriel (GO) e líder de uma associação de produtores do Distrito Federal e entorno.
Na opinião de Ademilson, a saúde mental das trabalhadoras e trabalhadores rurais tem sido afetada por vários fatores e a psicologia pode e deve exercer papel fundamental no apoio a esse grupo.
“As mudanças e o movimento sempre constante do mercado podem afetar o trabalhador rural devido à instabilidade financeira que pode ser vivenciada, levando as pessoas a desistirem do trabalho no campo e migrarem para os centros urbanos, passando a buscar emprego sem qualificação”, analisou Ademilson.
Outro fator de insegurança na avaliação do líder rural é a possibilidade de contato das pessoas do campo com álcool em excesso e drogas. “Temos tido casos de depressão, acidentes de trabalho com sérias consequências e muitos episódios de violência contra as mulheres”.
Sobre as mulheres trabalhadoras rurais, Ademilson Teodoro entende que o apoio psicológico a elas deve ser prioridade porque “são elas que organizam a vida da família, mantêm tudo em ordem e hoje são boa parte da força de trabalho, principalmente na agricultura familiar”.
Ademilson defende que a reforma agrária pode trazer tranquilidade e conforto psicológico às pessoas que atuam na atividade agrícola. “Imagine como é difícil pra tanta gente que vive da terra não ter uma área, por pequena que seja, para ter produtos de subsistência ou até mesmo vender numa feira e ganhar um dinheiro para melhorar a vida da família. É uma luta diária e se você não tem garantia de que vai ter sua terra pra plantar, a cabeça sente”, lamentou o agricultor.
Acesse no site do CRP 01/DF:
- Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) em questões relativas à terra
- Saúde do trabalhador no âmbito da saúde pública: referências para atuação da(o) psicóloga(o)
- Resolução CFP nº 14/2023, que regulamenta o exercício profissional da psicóloga e do psicólogo na realização de avaliação de riscos psicossociais relacionados ao trabalho
- Vídeo produzido pelo CRP 01/DF em 2023, no qual destacamos os desafios enfrentados por trabalhadoras e trabalhadores rurais no acesso às políticas públicas para o bem viver
https://www.youtube.com/watch?v=jNTkjV9IBj4
Se você deseja se aprofundar neste e em outros temas emergentes no exercício da profissão, acesse as publicações disponíveis para download na página eletrônica do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP)
https://site.cfp.org.br/publicacoes/referencias-tecnicas-crepop/
#DescreviParaVocê: foto de Ademilson Teodoro, técnico agrícola, líder de associação de produtores e produtor orgânico.