Por Yghor Gomes*
Publicado em 15/06/2018
A Psicologia do Esporte brasileira ainda busca uma maturidade e uma identidade nacional, contudo já tem uma história, que se confunde com a própria história da Psicologia no Brasil – a partir da resolução CFP nº 014/2000, ela foi reconhecida como uma área de especialidade. O desenvolvimento da Psicologia do Esporte partiu de um olhar muito centrado na avaliação e na construção do uso de técnicas de intervenção para o aumento do desempenho esportivo, visando também o bem-estar pessoal do atleta. Entretanto, a Psicologia do Esporte não se limita a atuar apenas com o esporte de alto rendimento, contribuindo também com as pessoas ou grupos que realizam a atividade física regularmente por lazer ou para competições.
Percebe-se que o profissional da Psicologia do Esporte deve adquirir uma boa formação geral em Psicologia, aliada aos conhecimentos específicos do exercício físico e do esporte. É necessário também para este profissional uma cultura alicerçada em elementos que contribuam para o entendimento do contexto específico da modalidade em que está atuando.
Hoje, no Brasil, contamos com alguns núcleos de formação e de especialização deste tipo de profissional, além das comissões ou grupos de trabalho criados pelos Conselhos Regionais de Psicologia para tratar destas demandas de conhecimento técnico e do campo de atuação profissional. Existem, ainda, as associações que representam os profissionais da área no Brasil, como a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte – ABRAPESP (ligada ao Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira – FENPB) e a Associação Brasileira de Estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício – ABEPEEX, que servem para difundir o conhecimento teórico e prático a partir de seus congressos e eventos.
Em tempos de grandes eventos esportivos ou denúncias relacionadas ao meio esportivo, somos chamados a responder à sociedade sobre o fazer da Psicologia do Esporte. No entanto, cabe aqui lembrar que o artigo 1º do Código de Ética Profissional do Psicólogo diz em sua alínea “a” que é dever fundamental dos Psicólogos “assumir responsabilidades, profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoalmente e tecnicamente”, pois são nestas situações e no calor do momento acabamos por ocupar um local para o qual muitas vezes não estamos tecnicamente preparados, e ai falamos muito mais do lugar de torcedores/cidadãos que do de psicólogos propriamente ditos. Devemos, portanto, ponderar sempre sobre as especificidades do esporte e sobre o quanto somos afetados por ele, pois o esporte é algo que nos atrai, seja pela beleza ou pela superação de limites: ele é apaixonante.
* Yghor Queiroz Gomes (CRP04/41218) é especialista em Psicologia do Esporte, psicólogo da equipe de arbitragem da Federação de Futebol do Distrito Federal e da AEDEC-Brasil (time basquete sub20 e projetos sociais), membro da ABRAPESP e do GT de Psicologia do Esporte do CFP, além de Coordenador das Comissões de Psicologia do Esporte e de Comunicação do CRP 04/MG, onde é conselheiro.