Neste 21 de março – Dia Internacional de luta pela Eliminação da Discriminação Racial – O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) reafirma seu compromisso com o Código de Ética da profissão que ratifica que o psicólogo pautará seu trabalho de acordo com os valores preconizados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, contribuindo para a eliminação de toda e qualquer forma de discriminação.
Este dia foi instituído pela Organização das Nações Unidas – ONU, em referência ao massacre de Shaperville, ocorrido em Johanesburgo – África do Sul – 20 mil negros protestavam contra a lei do passe livre na praça de Shaperville, quando entraram em confronto com o exército que atirou contra a multidão matando 69 pessoas e ferindo outras 186, e este fato mudou para sempre as relações raciais naquele país.
No Brasil, o Mapa da Violência 2014: Homicídios e Juventude no Brasil divulgado recentemente ratificou o que vem sendo constantemente denunciado pelos movimentos negros e Organizações não-Governamentais, o genocídio da população negra. Segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM do Sistema Único da Saúde SUS – Ministério da Saúde mais da metade dos 52.198 mortos por homicídios no Brasil em 2011, eram jovens, dos quais 71,44% eram negros (pretos e pardos) e 93,03% do sexo masculino (Waiselfisz, 2014).
São 27.471 jovens negros mortos; uma chacina que infelizmente não tem sensibilizado políticos, nem profissionais das diversas áreas e muito menos a sociedade brasileira. Reavivando fatos amplamente noticiados e rapidamente esquecidos: chacina da candelária – Rio de Janeiro/RJ – 8 (oito) jovens mortos, assassinados por militares; Cabula – Salvador/BA – 12 (doze) jovens mortos, assassinados por militares; Planaltina – DF, (6) seis jovens mortos, perseguidos por militares (Waiselfisz, 2014).
Além desses fatos inaceitáveis, há outras mortes em curso; no sistema da saúde, mulheres negras morrem mais que as brancas por diversos motivos, que vão desde a falta de acesso a exames clínicos até a falta de cuidados no acompanhamento pré-natal. Na educação, a ausência de negros bem sucedidos e capazes de exercer as mais variadas profissões nos livros didáticos e o despreparo de professores esfacela esperanças (Silva, 2010).
Neste aspecto, faz-se necessária uma urgente reflexão sobre essas relações continuamente negadas, mas presentes na vida da população negra. Os(as) psicólogos(as) não podem ficar indiferentes à dor de famílias que vem carregando o peso do sofrimento de perdas irreparáveis de entes queridos.
Defendemos uma Psicologia capaz de analisar o impacto da discriminação racial e apresentar intervenções possíveis em níveis individuais, grupais e institucionais. Faz-se necessária uma Psicologia crítica, em diálogo ininterrupto com os fatos que permeiam a sociedade, pautada por uma atuação ética e de valorização da diversidade humana.
É imprescindível que os psicólogos atuem objetivamente na desconstrução do racismo e na valorização dos direitos humanos que vem sendo constantemente violados. Acrescente-se, ainda, a necessidade de gestão junto ao poder público a fim de que o Estado seja convocado a pensar como o racismo institucional tem sido a marca das ações policiais.
O racismo no Brasil é complexo e exigirá da sociedade civil organizada, Governos Federal, Estadual e Municipal, além dos conselhos profissionais repensar como as relações raciais se estabeleceram no país e prevalecem até os dias atuais sofisticadamente, e assim propor formas de superação.
Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF)