Grupo de trabalho composto por pesquisadores, conselhos de classe e Ministério da Saúde quer promover a sensibilização e a capacitação de profissionais da rede pública no atendimento em saúde mental
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP DF), representado pela conselheira Márcia Maria da Silva, participou nessa quarta-feira (20), no Ministério da Saúde, de reunião do grupo de trabalho "Racismo e saúde mental", voltado à discussão de estratégias para otimizar a oferta de serviços de atenção psicossocial às pessoas em situação de sofrimento associado ao racismo.
A conselheira explica que o foco do CRP DF é a capacitação dos profissionais. "É uma preocupação do conselho profissional que muitas psicólogas e muitos psicólogos ainda não estejam preparados para atender a queixas de racismo. Por esse motivo, este Plenário tem feito um esforço na construção de ferramentas e espaços de debate que possibilitem que o racismo seja imediatamente reconhecido pela categoria como um problema social", pontuou.
O psicólogo Marcos Vinícius de Oliveira avalia que ainda é um desafio para o Estado brasileiro promover no interior das políticas de saúde uma abordagem que reconheça a dimensão étnico-racial. "Milhões de brasileiros afrodescendentes se desenvolveram subjetivamente em uma sociedade racista. O resultado disso acaba sendo um sofrimento mental que, muitas vezes, fica travestido em formas de patologia como a depressão, diversos tipos de neurose ou a perda da estima por si mesmo. Quando um psicólogo atende uma mulher negra com depressão, ele ainda não consegue fazer um link de que a depressão dela pode ser resultante dos processos de discriminação racial a que vem sendo submetida. O sofrimento mental decorrente do racismo é subnotificado, ele não é percebido assim. Nossa intenção é introduzir a percepção aos profissionais da saúde mental de que o mal estar das pessoas precisa ser relacionado também ao aspecto étnico-racial", observa.