Coordenadora da Comissão Especial de Psicologia e Diversidade Étnico-Racial do CRP 01/DF, Marizete Gouveia comenta a importância da data
A Assembleia Geral da ONU instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, conclamando a comunidade internacional a redobrar os esforços para eliminar todas as formas de discriminação (Resolução 2142, de 1966).
A data foi escolhida em memória do dia do Massacre de Sharpeville, em Joanesburgo, na África do Sul, em 1960, ainda à época do apartheid, quando vinte mil pessoas negras marchavam em protesto pacífico, quando tropas do exército atiraram contra a multidão.
O tema de 2017 é por fim ao perfilamento racial e o incitamento ao ódio, inclusive no que tange às atitudes e ações das pessoas em relação à migração.
No dia de ontem, véspera do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos lembrou aos governos sua obrigação legal de abolir o ódio e os crimes de ódio, e convidou todo o mundo a "Defender os direitos de alguém"."A política de divisão e a retórica da intolerância visam minorias raciais, étnicas, linguísticas, religiosas, e migrantes e refugiados. Palavras de medo e repugnância podem ter, e têm de fato, consequências reais", disse ele.
O Comissário disse que os Estados não têm qualquer desculpa para permitir que o racismo e a xenofobia motivem feridas. Os Estados "têm a obrigação legal de proibir e eliminar a discriminação racial, garantir o direito de todos, independentemente da sua raça, cor, origem nacional ou étnica, à igualdade perante a lei", disse ele. Solicitou ainda aos governos que adotem uma legislação que proíba expressamente o discurso de ódio racista, incluindo a disseminação de ideias baseadas na superioridade ou no ódio racial, incitação à discriminação racial e ameaças ou incitamento à violência.
Para promover os direitos humanos, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas, está pedindo às pessoas de todo o mundo: "Defenda os direitos de alguém hoje". A campanha exorta as pessoas a tomarem medidas concretas em suas próprias comunidades para tomarem uma posição pela humanidade.
Nós, psicólogas e psicólogos do Brasil, podemos entrar nesta campanha, defendendo os direitos das pessoas a quem atendemos. Elas vieram até nós certamente por ter tido algum direito violado em suas vidas. O racismo viola muitos direitos e causa feridas psíquicas profundas. E nós NÃO temos o direito de dizer a essa pessoas que o racismo não existe. A pessoa nos trouxe a ferida em busca de nossa ajuda. O mínimo que podemos fazer, de imediato, é um curativo.
Não é pedir muito: podemos defender os direitos de uma pessoa hoje!
Veja a íntegra da reportagem em: https://nacoesunidas.org/em-dia-internacional-onu-pede-que-paises-combatam-discursos-de-odio/