Neste 12 de junho, Dia dos Namorados, o CRP 01/DF entrevista a psicóloga clínica, palestrante e especialista em educação sexual, Laura Muller. Desde 2007 é a sexóloga do programa Altas Horas, da TV Globo, e autora de livros como “Sexo para adultos – Tudo o que você sempre quis saber, mas não tinha coragem de perguntar”, “Meu amigo quer saber… Tudo sobre sexo” e “Educação sexual em 8 lições – Como orientar da infância à adolescência – Um guia para professores e pais”. Confira:
Mesmo com o aparente avanço de segmentos conservadores no campo político, a Justiça brasileira e parte significativa dos veículos midiáticos têm ampliado a discussão de temas ainda considerados polêmicos por parte da sociedade, como direitos das pessoas transgêneras, relacionamentos homoafetivos, reconhecimento de união estável entre mais de duas pessoas, entre outros. Você acredita que os brasileiros estão respeitando mais outras formas de viver o amor e a sexualidade?
Sim, eu acredito que a gente está mudando esse jeito de lidar com a tolerância a toda essa diversidade, mas ainda tem muito que caminhar.
Acompanhando suas participações em programas de televisão, muitas vezes observamos que algumas pessoas, até mesmo mais jovens, demonstram certa vergonha ao expor dúvidas sobre sexo e relacionamento. Pela sua experiência como psicóloga e consultora na área, você avalia que os casais têm conversado de maneira satisfatória sobre esses assuntos?
A minha avaliação é que sexo ainda é um assunto tabu na nossa cultura e os casais têm se aberto cada vez mais a conversar sobre isso de uma maneira mais ampla e esclarecedora e têm tido também uma atitude de busca por informação, mas ainda estamos no começo de uma abertura, como disse, ainda tem muito que caminhar.
Com toda a movimentação de informações promovida pelas redes sociais, temos a impressão de que as mulheres estão cada vez mais conscientes e ávidas por igualdade nas relações, o que se estende ao sexo, à divisão de tarefas e esforços, às diferentes formas de demonstração de afeto e de interesse pelo prazer do parceiro ou da parceira. Como abordar esses assuntos com a pessoa amada sem provocar ruídos na relação?
Um jeito de abordar isso talvez seja ser mais o franca possível, mas também ter uma dimensão de se colocar no lugar do outro porque o que eu tenho observado nos últimos tempos são as mulheres indo para um extremo e se tornando quase inimigas dos homens, como se fosse uma guerra entre os sexos. Então a mulher de vítima, passando a opressora e isso não é uma atitude muito saudável para os relacionamentos a dois.
O cinema, as novelas e outras obras costumam associar a terapia conjugal à tentativa de resolver problemas nas relações, mas é possível também buscar essa experiência para melhorar o que já está bom? Terapia conjugal pode ajudar a melhorar o sexo, por exemplo?
Sim, qualquer tipo de trabalho em consultório pode ajudar a melhorar as relações amorosas, sexuais e, principalmente, a relação da pessoa consigo mesma.
Existe receita para um bom relacionamento? Como os casais podem evitar conflitos e aproveitar a relação de uma forma saudável e prazerosa para ambos?
Eu acredito que a melhor forma de aproveitar uma relação de maneira prazerosa e saudável para ambos é sempre ter em mente a questão do respeito, do respeito a si mesmo, aos seus limites, às suas possibilidades, e o respeito à pessoa que está ao seu lado. Isso eu falo sempre nas palestras que dou pelo Brasil afora e acho que é um bom jeito de encarar a sexualidade e a vida como um todo.