O carnaval brasileiro está entre as maiores festas do mundo, marca registrada de nossa cultura. Reconhecido como uma comemoração democrática, grande parte dos festejos ocorre em áreas urbanas, abertas para a pluralidade humana. Estão entre aquelas raras ocasiões no país em que as diferenças de cores, idades, afetos, crenças e classes sociais coexistem nos mesmos espaços harmoniosamente. Embora no Brasil observemos uma moralização dos costumes em ascensão, nota-se que o carnaval ainda permanece protegido sob o símbolo de uma paixão nacional. Entre os grupos beneficiados por esse armistício cultural está a população sexo-gênero diversa, que tem ampliado o número de blocos carnavalescos voltados para a celebração da diversidade em várias cidades do país.
Em Brasília, o Projeto “Carnaval de Todas as Cores” - uma realização da Associação Artística Mapati com o apoio do IMAC, da Sala Produções e da Campanha Folia Com Respeito da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SECEC) com recursos de uma emenda parlamentar de autoria do Deputado Distrital Fábio Félix (PSol/DF) -, além da proposta de expandir os espaços de diversão para a população LGBTQI+, também gera empregos para esse segmento social, que apresenta obstáculos maiores na empregabilidade, em decorrência do preconceito e da discriminação LGBTfóbicos. Por isso, a valorização desta iniciativa é uma forma de impulsionar benfeitorias para todas, todos e todes que almejam participar desse projeto: seja como prestador de serviço, seja como folião.
Contudo, em decorrência do trágico evento ocorrido em um bloco de carnaval no último fim de semana, é preciso apontar que nesses espaços de divertimento plural sempre haverá sujeitos dispostos a interromper a alegria, através de ações e posturas que distorcem a proposta da festa. São as inconveniências machistas, que não respeitam o corpo e a decisão das mulheres; as provocações e violências LGBTfóbicas; as banais incitações de brigas; os furtos e assaltos que podem culminar em latrocínios. Portanto, diante da sordidez de quem converte cenários de alegria em morte e tormento, é preciso reafirmar o nosso compromisso com a manutenção de uma cultura de paz, que celebra a vida e também se protege das mazelas de condutas destrutivas que podem se manifestar nesses ambientes.
A Comissão LGBTQI+ do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) se solidariza e se disponibiliza a auxiliar as pessoas próximas às vítimas de violência neste pré-carnaval e carnaval. Nesse sentido, relembramos a importância de evitar o revide perante atiçamentos, que visam a criação de contextos para a expressão covarde da agressividade. Ademais, estamos cientes de que, em muitos casos, a omissão de mais esforços do Estado no asseguramento da proteção de minorias sociais e políticas possa ser interpretada como uma via de exercício da necropolítica, ou seja, uma política de morte agenciada pelo Estado. Por isso, é preciso contar com os espaços de apoio, que ainda servem de proteção frente às ameaças e práticas de violência contra dissidências sexuais e de gênero. Dentre esses canais, citamos o Disque Denúncia, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra A Pessoa Idosa ou com Deficiência (DECRIN) e a Defensoria Pública do DF.
Que neste período carnavalesco, seja ainda mais possível celebrarmos a nossa diversidade de afetos, de corpos e de formas de ser no mundo. Que tenhamos o direito de ocupar nossas cidades livremente, afirmamos nossa liberdade de amar e de sermos amados em nossa alteridade.
Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) | Comissão Especial LGBTQI+
Contatos importantes:
Disque Denúncia
Telefone 197, Opção 0 (zero)
E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
WhatsApp (61) 98626-1197
DECRIN
Setor Policial – Brasília
(61) 3207-4242
Defensoria Pública do DF
Núcleo De Assistência Jurídica de Defesa dos Direitos Humanos
Os agendamentos de atendimentos ocorrem no período da tarde (12h às 18h).
Endereço: SIA, Trecho 17, Rua 7, Lote 45, Brasília.
Telefone: 2196-4480.
E-mail: direitoshumanos@defensoria