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BLOCO DO RIVOTRIO SAI ÀS RUAS DE BRASÍLIA EM SUA 10ª EDIÇÃO

BLOCO DO RIVOTRIO SAI ÀS RUAS DE BRASÍLIA EM SUA 10ª EDIÇÃO


Desfile na ressaca do Carnaval promove sensibilização sobre a luta antimanicomial e chama atenção para a garantia de direitos de pessoas em sofrimento psíquico

Galeria de fotos disponível em: https://bit.ly/2PKlT74

O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF), representado por sua conselheira presidenta, Thessa Guimarães, marcou presença, no último sábado (29), no desfile do Bloco do RivoTrio, em sua 10ª edição nas ruas de Brasília-DF, ao lado das conselheiras Tania Inessa e Rebeca Potengy e da assessora técnica em políticas públicas do CRP 01/DF, Cristina Trarbach.

Organizado pelo coletivo InVerso e formado por familiares, trabalhadoras e trabalhadores, além de usuárias e usuários da rede de saúde mental, o bloco promove sensibilização sobre a luta antimanicomial e chama atenção para a garantia de direitos de pessoas em sofrimento psíquico.

O psicólogo e um dos fundadores do coletivo, Thiago Petra, explica que o Bloco do RivoTrio foi criado por demanda de pessoas consideradas “loucas” que se sentiam ainda mais segregadas na época do carnaval: “Foi construído um espaço para acolher o pânico, a paranoia e outras diversas angústias, além de chamar atenção da população frente ao tema da saúde mental. Pela folia, criou-se um diálogo com a cidade sobre a dimensão do sofrimento-existência. Fomos aos poucos ocupando o comércio e hoje ocupamos a rua toda, de fato mobilizando e trazendo conscientização”, observa o psicólogo. “Revigora assim um bloco ativista que luta por uma sociedade da soma dos afetos, da escuta e da compreensão, da empatia e da solidariedade no lugar da indiferença e do silenciamento”, completa.

“É muito mais humano aprender no amor do que na dor”, defende a assistente social Bruna Martins, aproveitando a folia ao lado da usuária Patrícia de Oliveira: “Eu acho que o sofrimento psíquico ainda não é conhecido como deveria. Falta iniciativa dos governos e conscientização da sociedade, o que movimentos como esse tentam promover”, ressalta Patrícia.

“O nosso ato aqui é um protesto contra a lógica manicomial que alguns governos insistem em defender. A ideia é promover o acolhimento humanizado e mostrar os significativos resultados do atendimento em rede, o que está representado aqui por diversos equipamentos e coletivos diferentes”, destaca a estudante de Psicologia Isabella Castro, referindo-se aos músicos, poetas e artesãos que se apresentavam ali, revelados nos equipamentos de cuidado mental da rede do DF.

Luta antimanicomial

As psicólogas e os psicólogos do Distrito Federal vêm acompanhando o desmonte da política de saúde mental com grande preocupação. No último mês, em audiência na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) [acesse aqui], a psicóloga e conselheira regional Tania Inessa cobrou providências do governo local e transmitiu aos parlamentares a série de desafios elencados pelos profissionais da área no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial.

Na avaliação da conselheira presidenta, Thessa Guimarães, “O bloco RivoTrio é um acontecimento onde se materializa o sentido do trabalho com o sofrimento psíquico: condensa-se a militância pela saúde mental com o senso comunitário do carnaval. A sublimação pela arte se une à crítica do modelo hospitalocêntrico de tratamento. Celebra-se a alegria, a rebeldia, a resistência. Usuárias, médicos, psicólogas, militantes, musicistas, assistentes sociais, lideranças políticas: todes estamos numa mesma e única função, a de carnavalizar.”

“A luta antimanicomial é uma urgente necessidade, visto que diversas comunidades terapêuticas e clínicas psiquiátricas violam os diretos humanos básicos”, alerta o psicólogo Thiago Petra. “Não há relatos de sucesso dentro desses ambientes, aliás, a existência dessas instituições é vergonhosa para a sociedade contemporânea. Sabemos que a vida humana não é tão romântica, ela apresenta percalços, é demasiadamente complexa e dinâmica, portanto todas as pessoas podem apresentar um momento de grande fragilidade psíquica e social e tal condição precisa estar sob a ética do cuidado”, argumenta o profissional.

“Lutamos pelo fim imediato das práticas manicomiais e pelo fortalecimento da rede de serviços comunitários. Muda-se assim o prisma hospitalocêntrico para uma ação que privilegie a territorialidade e a transversalidade, no dialogo constante da saúde com a política de cultura, lazer, mobilidade e processos de cidadania. Desse modo, a pessoa em sofrimento pode ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde. Inclusive estes são pontos garantidos pela legislação nacional e protocolos internacionais”, acrescenta.

A concentração do Bloco do RivoTrio ocorreu na quadra 408 Norte, com o grupo “Só pra não surtar”, seguido pelo coletivo “Filhas da Mãe”, formado por familiares de pessoas com Alzheimer. Às 15h, assumiu os microfones a banda “Maluco Voador”, seguida por cortejo até a quadra 405 Norte com as bandas “Maluvidas”, “Tropicaos”, “Tamara Maravilha” e “Efeitos Colaterais”.



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