O Centro de Convivência e Cultura Inverso realizou um bate-papo na última segunda-feira (18), Dia Nacional da Luta Antimanicomial, sobre arte, saúde mental e cultura em tempos de pandemia.
A conversa foi mediada pelo psicólogo e diretor da Inverso, André Bizzi, que destacou o motivo de uma luta que se arrasta há décadas no Brasil: "O que é ser antimanicomial? O que é o manicômio que a gente tanto fala? Contra o que a gente está lutando? O manicômio é uma ideia, uma instituição, é um modus operandi que se impõe sobre as pessoas. É a ideia de que algumas pessoas (e outras não) merecem ser caladas, silenciadas, colocadas à margem do convívio social. E tem uma instituição que durante muito tempo teve a tradição de dar cabo disso que é o Hospital Psiquiátrico. O hospital psiquiátrico como forma de encerramento das pessoas, como forma de encerrar mesmo o indivídio ali. De certa forma, acabar com ele, com possíveis formas de expressão. Ali ele vira um diagnóstico, vai deixar de ser o João, a Maria, o Pedro, a Josefina, pra ser esquizonfrênico, bipolar, borderline", pontuou na ocasião, abrindo espaço para que o ator Victor Abrão comentasse o lugar de fala de um artista no debate sobre saúde mental.
"Nós somos bichos feitos de palavras", observou o ator. "Às vezes uma palavra entra em nós como um sol, ilumina a sala no meio do inverno numa pandemia, e a gente se sente iluminado por dentro. E tem palavras que entram em nós como uma comida que caiu mal, que precisam ser colocadas pra fora e que geram sofrimento psíquico, geram conceitos sobre nós mesmos. Eu acho que essa quarentena é terrível, mas dentro dessa terribilidade dela podemos ver coisas aproveitáveis. É um momento agora que as pessoas têm pra se escutar, que na correria do dia a dia a gente não se escuta às vezes. O que que eu realmente quero? Qual voz estou ouvindo dentro de mim pra agir como eu ajo?", provocou o poeta.
O bate-papo completo pode ser assistido no canal da Ong Inverso no Instagram: @inverso.df