| NOVEMBRO: MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA |
Artigo: 20 de novembro para quê?
Pela Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais do CRP 01/DF
Antes era apenas em alguns estados e cidades, mas o último 20 de novembro, a comemoração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, pela primeira vez foi celebrado como um feriado nacional. Essa data rememora a trajetória de Zumbi, quilombola que liderou a resistência do Quilombo dos Palmares. A data é importante para lembrar a resistência do povo negro no Brasil. Nesse sentido, o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal reafirma o seu compromisso com a luta antirracista e combate a quaisquer tipos de discriminação. Cabe mencionar que a Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais da autarquia, ao longo do ano, promoveu e participou de várias atividades orientativas no Distrito Federal e outros Estados, com o intuito de aprofundar reflexões relativas à atuação profissional da Psicologia no marco das relações étnicos-raciais.
As marcas da colonização nas subjetividades de pessoas negras, quilombolas e indígenas são objeto da Psicologia brasileira, que deve ser descolonizada. Para que isso aconteça é necessário quebrar as velhas sedimentações e pactos culturais, econômicos, intelectuais e políticos. Faz-se necessário que os cursos de Psicologia possam incluir Frantz Fanon, Neusa Santos, Virgínia Bicudo, bem como intelectuais que despontam atualmente: Alessandro Oliveira dos Santos, Ana Luisa Coelho Moreira, Cecilia Vieira, Marizete Gouveia Damasceno, Maria Lucia da Silva, Maria Aparecida da Silva Bento, Isildinha Batista e Lucas Veiga, entre outras(os/es) que vem estudando efeitos do racismo nas subjetividades negras e indígenas.
A escravização segue viva, em novas roupagens, e o Brasil perpetua o genocídio negro e a busca pelo embraquecimento da população. Assim, a Psicologia precisa de aquilombamento. De acordo com Veiga (2019), os quilombos foram dispositivos fundamentais na preservação da identidade, da dignidade, da cultura e da saúde mental da população negra.
Acrescente-se a essas discussões o fato de, em 2022, termos sido o primeiro grupo de pessoas negras, indígenas, pessoas com deficiência e LGBTQIAPN+ a assumir o Sistema Conselhos de Psicologia por meio de cotas. Isto revela o quanto as instituições estão impregnadas pela masculinidade hegemônica, pelo racismo institucional e por preconceitos diversos, dificultando nossa permanência nos Conselhos e culminando na necessidade de monitoramento e avaliação da manutenção de cotistas no Sistema Conselhos de Psicologia.
Seguimos na luta antirracista, em confronto permanente com uma sociedade colonialista.
#DescreviParaVocê: A imagem colorida conta com parte das informações textuais acima, com a marca gráfica do CRP 01/DF e fotos de alguns eventos sobre Psicologia e relações etnico-raciais que o CRP 01/DF participou em 2024.