Neste Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, a psicóloga Márcia Maria da Silva compartilha reflexões sobre o papel da Psicologia na garantia de direitos a todas as pessoas no contexto atual.
Márcia Maria da Silva é psicóloga pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB), conselheira vice-presidenta e coordenadora da Comissão de Raça, Povos Indígenas e Povos Tradicionais do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF).
Confira o artigo:
O dia 21 de março é o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966, em memória das 69 pessoas mortas no Massacre de Sharpeville, em Joanesburgo, África do Sul, quando participavam de um protesto contra a Lei do Passe. A referida lei obrigava os negros a portarem um documento que continha, entre outras informações, os locais onde poderiam circular.
Portanto, esse dia tem por finalidade convocar a comunidade internacional a eliminar todas as formas de discriminação racial, sensibilizar a sociedade sobre a necessidade de garantir direitos iguais a todas as pessoas e reforçar a luta contra o racismo em todo o mundo.
É sabido que a extrema direita tem avançado a passos largos no Brasil e no mundo. Nesse sentido, gestos nazistas são aplaudidos por uma parcela significativa da população, e o presidente da maior potência mundial promoveu cortes em programas de diversidade, equidade e inclusão em agências governamentais e empresas prestadoras de serviço para órgãos federais. No Brasil, acabamos de sair de um governo de extrema direita.
Será que a história está se repetindo? E por que, para a Psicologia, é importante analisar a conjuntura política de um país? O que acontece nas sociedades produz subjetividades, afeta as pessoas e conduz ao sofrimento psíquico, independentemente de terem consciência desses fatos ou não. Além disso, um dos princípios fundamentais do Código de Ética da(o) Psicóloga(o/e) preconiza que o profissional deve basear seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O mundo acende um alerta: os valores pelos quais lutaram nossos ancestrais estão ameaçados, à medida que mais e mais vozes se levantam contra o trabalho árduo daqueles que pensaram formas mais civilizadas de viver em comunidade e construíram um caminho seguro para que negros, brancos, indígenas, LGBTQIAPN+ e neurodivergentes tenham acesso, em igualdade de condições, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro aspecto da vida pública.
Que a Psicologia continue trabalhando em favor daqueles que estão ameaçados pela tirania dos que se julgam donos do mundo. Que, por meio do nosso trabalho, as pessoas sejam fortalecidas para continuar lutando por seus direitos inalienáveis, assegurados pela Constituição Federal.
#DescreviParaVocê: card colorido contendo chamada para leitura do artigo de Márcia Maria da Silva, uma foto da autora - uma mulher negra, sorrindo em local público - a ilustração de uma mão fechada e erguida, além da marca gráfica do CRP 01/DF.