Representado pela conselheira vice-presidente, Cristina Hoffmann, o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP 01/DF) prestigiou nessa quarta-feira (11/6) a solenidade de abertura do 3º Festival da Longevidade "Ecoenvelhescência em Movimento", que acontece dos dias 11 a 13 de junho na Casa da Cultura do Guará.
Com o tema “A descolonização da eterna juventude”, o festival propõe novos olhares sobre o processo de envelhecimento, unindo diferentes perspectivas para romper estigmas culturais. É o que explica o escritor Everardo de Aguiar, um dos organizadores do evento: “Nosso objetivo é quebrar paradigmas. Primeiro que nós vamos tratar do processo de envelhecimento e não da velhice instalada, porque o que nos interessa é romper o preconceito, é quebrar esse paradigma de uma cultura de apagamento de nossas histórias, sejam elas das pessoas pobres, das pessoas pretas, das pessoas quilombolas, das pessoas indígenas, desses chamados recortes, e também da população idosa. Hoje nós somos 33 milhões de pessoas no Brasil e, em Brasília, mais de 400 mil acima dos 60 anos de idade. Então, romper o paradigma é fundamental, e é isso que o nosso festival está dizendo: nós precisamos elaborar uma pedagogia ética e intergeracional que rompa com o idadismo e o etarismo.”
Psicóloga sanitarista, doutora em Psicologia Clínica e Cultura e especialista em Gestão da Saúde da Pessoa Idosa, a conselheira vice-presidente do CRP 01/DF, Cristina Hoffmann, ressaltou na ocasião o compromisso do Conselho com a promoção de saúde em todas as etapas da vida: “Uma das iniciativas nas quais a gente tem investido bastante é a descentralização das nossas ações e a articulação junto à comunidade de uma forma geral. O CRP 01/DF se faz presente, contribuindo nas discussões e apoiando a organização para que a gente possa avançar junto a toda a comunidade aqui do DF. O envelhecimento saudável é um conceito que fala muito da relação entre a nossa capacidade intrínseca, que significa a nossa saúde mental, a nossa saúde física e a relação dela com o meio. Enquanto conselho, enquanto sociedade, enquanto profissionais, devemos nos atualizar sobre as questões do envelhecimento, compreender esse processo, que é uma etapa do curso de vida e que, assim como as outras etapas, passam por diferentes situações e contextos.”
É o que destaca também o especialista em Gerontologia e palestrante do primeiro dia do evento, Vicente Faleiros: “A gente não envelhece só como um indivíduo, a gente envelhece socialmente, na interação com a vida, com a sociedade, com a cultura, com as políticas e com os movimentos. E isso que é importante entender: que o envelhecimento é um ciclo complexo de desenvolvimento, de resistência e de condições, porque a velhice é muito heterogênea, está ligada à interseccionalidade de gênero, de raça, de classe, de biologia e de saúde mental também”, observa.
Aos 83 anos de idade e lançando o livro “A-ventura de envelhecer”, o pesquisador que é referência nos estudos do envelhecimento explica a importância de diferenciar as ideias de decadência e declínio no processo de envelhecimento: “A gente não pode ver a velhice como decadência, no sentido de ser uma ruína, como se fosse uma casa desmontada, desabada. A velhice é um declínio que pode ter equilíbrios diferentes: é um equilibrar de perdas e ganhos. Então, é necessário olhar esse declínio como um processo de finitude e, ao mesmo tempo, de realização de expectativas, de resultados, de perdas. É necessário se preparar para a velhice e aí está a importância de nós, profissionais da saúde, olharmos o todo e essa dialética do envelhecimento”, complementa Faleiros.
A moradora da Asa Sul, Isabel Barbosa, de 71 anos de idade, reforça as observações do palestrante e garante que o não falta é disposição para estar presente nos três dias de festival: “É maravilhoso ter espaços como esse! Eu faço parte do Grupo dos Mais Vividos lá do Sesc, eu faço parte da Obra Social Santa Isabel, que tem palestra com psicólogos, tem capoterapia, e faço parte do coral do Sesc também. Eu vou completar 71 anos dia 18 e isso é muito bom. Meu filho diz ‘Minha mãe? Ela não mora em casa, não! Agora é só o Sesc e não sei mais onde…’, brinca. “Porque eu vejo, às vezes, amigas que falam ‘Ah, Isabel, não consigo nem ir lá no supermercado a pé.’ Eu não tenho isso. Eu vou em três supermercados, faço pesquisa e corro. Elas riem de mim, que eu vou com o meu carrinho, mas é isso: eu ando de ônibus, eu pego metrô, eu vou para a rodoviária, vou em tudo. Sou superativa. Ainda mais agora que eu não pago passagem”, provoca a pessoa ao lado, que retribui com sorriso de aprovação.
A abertura do festival contou com a presença de representantes de secretarias de Estado do DF, Ministério da Cultura, Conselho do Idoso, Fórum Distrital da Pessoa Idosa, além de caravanas de grupos e participantes de centro de convivência do idoso de diversas regiões administrativas. O público foi recebido com música, café da manhã e feira de artesanato. O festival segue até o dia 13 de junho na Casa da Cultura do Guará com programação que inclui apresentações culturais, mesas temáticas e oficinas abertas ao público.
#DescreviParaVocê: carrossel de imagens contendo registros fotográficos do evento, chamada para leitura da matéria no site e marca gráfica do CRP 01/DF.