Profissionais de Psicologia discutem saberes e práticas acerca da Cirurgia Bariátrica, já que a legislação atual exige avaliação psicológica de pacientes bariátricos
O Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal reuniu profissionais na tarde desta segunda-feira (14) para trocarem práticas e saberes acerca da avaliação e acompanhamento psicológico realizado antes e depois do procedimento cirúrgico. Com o intuito de aprofundar o tema, o órgão convidou cinco representantes de Brasília da Comissão de Especialidades Associadas (COESAS) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), para compartilharem suas experiências sobre o fazer das(os) psicólogas(os) nessa área, para fazerem um panorama do que é vivenciado atualmente pelas equipes multidisciplinares e motivarem a participação dos demais.
A conselheira presidente do CRP DF, Cynthia Ciarallo, abriu os trabalhos enfatizando que o conselho profissional deve ser um espaço de escuta da diversidade de rotinas profissionais. "Queremos conhecer a prática e trocar experiências, porque é assim que a gente constrói referências à luz dos princípios éticos que norteiam a profissão”, pontua a presidente.
O acompanhamento psicológico de pacientes que pretendem fazer cirurgia bariátrica é obrigatório segundo a legislação vigente (Portaria MS-GM 425/2013) tanto antes, quanto após o procedimento cirúrgico. “O nosso foco é um trabalho de promoção de saúde e prevenção de agravos. É um trabalho de avaliação e preparo do paciente que vai fazer a cirurgia e, no pós-operatório, a gente faz um acompanhamento”, diz a psicóloga Michele Martins, que coordena o grupo de psicólogas responsável pelas exposições na roda de conversa. Ela explica que na portaria está escrito que o acompanhamento precisa ser realizado por até 18 meses após a cirurgia, mas que as(os) psicólogas(os) avaliam que cada caso merece procedimentos específicos e, portanto, cada situação dirá o tempo de atenção que cada paciente necessita.
As psicólogas fiscais da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP DF estiveram presentes ao evento, com a intenção de obterem mais informações sobre a rotina desta prática profissional, bem como dialogar a partir das demandas que chegam ao CRP/DF, sempre alinhadas aos preceitos éticos da profissão. Além delas, a conselheira do CRP DF Ingrid Quintão e o conselheiro do CRP do Rio de Janeiro Alexandre Trzan Ávila também participaram da roda e trouxeram contribuições para o diálogo.
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Estela Pereira Barros Coutinho está cursando o 4º semestre de Psicologia:
“Como estudante, sempre busco conhecer as várias áreas de atuação. Esta é uma área que eu tenho interesse em estudar e ainda não tive nenhuma disciplina que tratasse dela na faculdade, então vim conhecer. A aprendizagem não acontece só em sala de aula, é preciso participar, assistir palestras, conhecer novos rostos, comparecer a eventos e estar aberta também a novas possibilidades. Esta é uma área com a qual eu posso me interessar mais no futuro.”
Cleide de Medeiros Coutinho é psicóloga clínica e pretende atender pacientes bariátricos em seu consultório:
“Gostei muito do evento, porque ele ampliou minha visão. A gente normalmente tem um olhar médico da cirurgia bariátrica, mas como somos psicólogos, precisamos expandir essa impressão. Não tenho muito conhecimento nessa área – estou buscando agora –, mas achei que esta roda abriu meus horizontes, até para pesquisar, procurar saber mais a respeito, me especializar e atender melhor os pacientes. Acredito que a demanda está muito grande ultimamente, porque pesquisas mostram que grande parte da população brasileira já está com obesidade. A cirurgia bariátrica é uma das principais soluções buscadas por essas pessoas. Ter orientação psicológica nessa hora é importantíssimo.”
Michele Birkc é uma das cinco psicólogas de Brasília à frente da discussão do trabalho que a Psicologia faz em Cirurgia Bariátrica:
“A demanda é cada vez maior. Temos visto que há muitos psicólogos perdidos fazendo esse tipo de atendimento e, assim, muitos pacientes sendo mal atendidos. A principal questão tratada hoje, aqui na roda de conversa, foi que o profissional deve levar a sério a ética profissional. O psicólogo que faz atendimento em cirurgia bariátrica precisa entender que aquele paciente é específico, precisa saber sobre procedimento cirúrgico, mas principalmente precisa reconhecer que se ele não tem conhecimento, ele precisa buscar; se ele não sabe, ele deve encaminhar. Queremos uma prática consciente, uma prática científica, uma prática que nos orgulhe de sermos psicólogos.”\r\nSaiba mais sobre a I Jornada Multidisciplinar Brasiliense de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e sobre outros eventos que envolvem Cirurgia Bariátrica no Brasil.