Militantes da luta antimanicomial temem retrocessos na política de saúde mental brasileira
Os conselheiros regionais Edmar Carrusca e Luiza Pereira acompanharam nessa quarta-feira (16) a ocupação da Coordenação Geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde por militantes da luta antimanicomial.
Desde o início da semana, a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA), juntamente com profissionais de saúde mental, militantes, familiares e pessoas atendidas pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) fazem uma série de manifestações contra a nomeação do novo coordenador Geral de Saúde Mental Valencius Wurch Duarte Filho em substituição a Roberto Tykanori.
Os manifestantes questionam a postura do novo coordenador de Saúde Mental, que iria na contramão da reforma psiquiátrica brasileira. Ontem, o conselheiro Edmar Carrusca e outros atores e militantes da rede da saúde mental discutiram com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a possibilidade de revisão da escolha da pasta.
Confira alguns depoimentos de manifestantes:\r\n
"Esse movimento começou com a entrada do novo ministro da saúde, que já havia sinalizado que não seria favorável à nova política de saúde mental e, com isso, nomeou na segunda-feira um coordenador de saúde mental que tem um histórico de ter coordenado por dez anos uma instituição psiquiátrica que teve muitas denúncias de maus tratos a pacientes. Nos preocupa a possibilidade disso resultar em retrocessos na perspectiva de um tratamento mais humanizado, no fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), na possibilidade de avançarmos na lógica de um tratamento ampliado, que chamamos de uma reabilitação psicossocial. A gente tem muita chance de perder isso."Filipe Willadino Braga, Psicólogo
"Queremos discutir e melhorar o sistema psiquiátrico no Brasil e reivindicar a exoneração do novo coordenador da área de saúde mental."
Henrique Berardo, Usuário da Rede de Atenção à Saúde Mental
"O que estamos reivindicando aqui é uma saúde mais aberta, mais livre para os pacientes. Não queremos o fechamento dos pacientes em manicômios, queremos o fortalecimento dos CAPS, onde as famílias possam estar em contato com aquelas pessoas que estão em tratamento."
Lucicleide R. V., militante da saúde mental e membro do Clube dos Amigos de Taguatinga e Paranoá
"A importância da luta antimanicomial está, entre outras coisas, no esforço pela colaboração dos familiares para superarmos as crises e garantirmos um tratamento digno em saúde mental."
Maria Clarice Gomes, integrante do grupo Batucada e do bloco Rivotril
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