*Com informações do Conselho Federal de Psicologia (CFP)
No marco dos 60 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil, um indiscutível fato provoca a categoria a reorientar sua atuação conforme os desafios atuais que se impõem: já não se pode olhar a profissão com os mesmos olhos de antes, das décadas que antecederam o atual contexto.
Nos últimos anos, houve efetiva ampliação e enriquecimento do escopo das práticas profissionais, assim como a emergência de novas áreas de conhecimento e formas de intervenção, além da integração com outros campos disciplinares. Junto a isso, o desenvolvimento de áreas clássicas da Psicologia, que ampliaram suas possibilidades de atuação.
A partir desta reflexão, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) se debruça sobre uma importante e robusta iniciativa. Trata-se do Censo da Psicologia Brasileira (CPB) – um amplo levantamento de dados e informações que revelem a evolução de atributos-chave da atuação de psicólogas e psicólogos no país. Dada a abrangência e a complexidade da pesquisa, o levantamento será realizado em parceria com a Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) e com o Grupo de Trabalho Configurações do Trabalho na Contemporaneidade e a Psicologia Organizacional e do Trabalho (GT83), da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP). Adicionalmente, o Censo da Psicologia Brasileira conta com o apoio do conjunto de entidades que integram o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia (FENPB).
A demanda surge da necessidade imprescindível de conhecimento para se pensar o futuro da profissão, em um contexto crescente de dificuldades para as(os) trabalhadoras(es). Entre elas, a análise do processo de precarização do trabalho que aflige o campo da Psicologia, parte de um fenômeno crescente no mundo do trabalho em geral. A segunda, que emergiu com maior intensidade no contexto da pandemia da Covid-19, consiste em mapear o avanço do uso de novas tecnologias de comunicação e informação (avaliando os seus impactos). A pesquisa será, também uma oportunidade para se conhecer a realidade da avaliação psicológica, atividade básica e tão ameaçada ultimamente, assim como explorar concepções acerca de direitos humanos e democracia, tão centrais no atual momento, e como elas se relacionam com o fazer psi.
A proposta é que a participação da categoria se dê de forma remota, efetivada por meio de preenchimento de formulário eletrônico que estará disponível entre os dias 6 de outubro e 6 de novembro.
Lançamento
Para marcar o lançamento do Censo da Psicologia Brasileira, o CFP realizou uma live na última quarta-feira (6). Assista aqui:
Uma profissão que não ficou parada no tempo
Motivada por ocasião dos 60 anos de regulamentação da profissão no país, a iniciativa é inspirada no estudo “Quem é a(o) psicólogo(a) brasileiro(o)”, cuja edição inaugural teve os seus resultados publicados em 1988. As reflexões produzidas naquela oportunidade apontaram a necessidade de mudanças profundas na forma como a Psicologia se tornava acessível à população e na qualidade da formação oferecida.
Agora, transcorridos mais de trinta anos da pesquisa, a profissão cresceu em complexidade. Porém, estudos subsequentes conduzidos no âmbito do CFP não retomaram o escopo inicial, limitando o acompanhamento das transformações.
Uma nova pesquisa realizada entre 2005 e 2006 resultou na obra “O Trabalho do Psicólogo no Brasil”, produzida pelo mesmo GT Configurações do Trabalho na Contemporaneidade e a Psicologia Organizacional e do Trabalho (da ANPEPP). Esta foi a mais recente tentativa de replicar o estudo original de 1988, tendo sido realizada fora do âmbito do sistema Conselhos de Psicologia. Desde então, novas e importantes transformações ocorreram e precisam ser mapeadas.
Para o Conselho Federal de Psicologia, ao resgatar a ideia do estudo de 1988, o Censo da Psicologia Brasileira permitirá dar voz a profissionais por meio de um levantamento que abordará as mais diversas e plurais realidades da atuação da categoria, configurando importante ferramenta para se pensar tanto nas ações futuras do CFP quanto no próprio papel que a profissão guardará no tocante às políticas públicas brasileiras.
A ideia é que esses levantamentos passem a ser frequentes, com uma periodicidade de cinco anos. Tais levantamentos periódicos poderão embasar, políticas, projetos e ações do sistema Conselho de Psicologia, assim como das entidades científicas, profissionais e sindicais no sentido de defesa de condições de trabalho dignas e de aprimoramento das práticas profissionais. Para tanto, a participação de todas(os) é fundamental.
Censo da Psicologia: acesse o formulário
Dúvidas
Para ajudar no preenchimento da pesquisa, o CFP preparou uma página com perguntas e respostas de suporte ao atendimento a dúvidas sobre o questionário do Censo da Psicologia Brasileira 2021. Acesse aqui: https://site.cfp.org.br/censo-da-psicologia-brasileira/faq/